chilling adventures of sabrina

Sabrina, a Bruxinha macabra

Por em abril 16, 2019

O mundo sombrio de Sabrina

Se você assim como eu foi criança nos anos 90, com certeza já deve ter ouvido falar de "Sabrina, Aprendiz de Feiticeira". Quem não amava Salem, o gato falante e extremamente sarcástico? Porém não se engane, o reboot da Netflix lançado em 2018 pode até ter a mesma origem, mas tem bem menos comédia e muito mais...satanismo! "Chilling Adventures of Sabrina" (ou, em português, "O mundo Sombrio de Sabrina") apresenta um lado bem mais adulto e macabro da bruxinha adolescente que tanto fez sucesso no passado.

Sabrina Spellman é uma jovem bruxa mestiça (filha de pai bruxo e mãe humana) que vive com suas tias Hilda e Zelda. Logo no primeiro episódio da série somos introduzidos ao grande dilema da protagonista: em seu aniversário de 16 anos, ela deve assinar seu nome no Livro das Trevas e abandonar o lado humano de sua vida — a escola, os amigos, o namorado. A partir daí, muitas coisas sinistras passam a acontecer enquanto ela aprende o verdadeiro significado de ser uma bruxa.

o mundo sombrio de sabrina

Indo além da magia e dramas adolescentes, acredito que um dos principais pontos responsáveis pelo sucesso da série é algo que diz respeito ao nosso dia-a-dia: o feminismo. Presente tanto na vida de mortal como na vida de bruxa de Sabrina, o feminismo ganha evidência particularmente em sua religião, o satanismo da Igreja da Noite, que é recheada de ensinamentos e tradições machistas. Na segunda temporada, essa questão ganhou ainda mais destaque com o surgimento da "Sociedade de Judas" liderada pelo Sumo Sacerdote Blackwood, cuja doutrina dita claramente que as bruxas são inferiores e portanto devem servir aos bruxos. A protagonista, sempre a adolescente afrontosa, se recusa a aceitar essas imposições e luta por mudanças em prol dos direitos das bruxas.

Do meu ponto de vista, esta relação entre a bruxaria e o feminismo vai ainda além se considerarmos a verdadeira história da caça às bruxas ocorrida na Europa durante a Idade Média. Na época, mulheres eram acusadas de bruxaria, torturadas e mortas por motivos como conversar em grupo, ser velha, ser financeiramente independente de um homem, ser parteira, entre outros absurdos. Não é por menos que as feministas acolheram as bruxas como um símbolo de seu movimento, pois entende-se que muitas das "bruxas" caçadas durante a Idade Média eram nada mais, nada menos que mulheres que ousavam ir contra as normas patriarcais da sociedade. Se quiser saber mais à respeito, recomendo a leitura deste artigo. Não sei se foi proposital, mas ao trazer de maneira tão transparente questionamentos sobre o empoderamento feminino usando como base justamente a bruxaria, a série acertou em cheio.

Sabrina e Prudence conversam sobre liberdade e poder

Se você achou que o “tabu” se limitaria aos personagens satanistas, espere para ver as coisas com as quais os personagens mortais (reles humanos, como nós) precisam lidar. Além do universo fantástico que naturalmente atrai a atenção do espectador, outro ponto forte da série com certeza é a abordagem de assuntos contemporâneos: temas como o bullying, o preconceito, a violência doméstica, o machismo e até mesmo a religiosidade extrema aparecem tanto de maneira explícita quanto por meio de analogias.

Os personagens secundários não são nem de perto simples peças de apoio à storyline principal que cerca a protagonista; além de trazerem diversidade e representatividade à série, eles são bem desenvolvidos e possuem suas próprias personalidades e problemas envolventes. Destaque para a amiga de infância de Sabrina, Susie Putnam, que sofre desde sempre com bullying por ser muito masculina e claramente tem dificuldade em se aceitar como garota. CUIDADO COM O SPOILER.......... Na segunda temporada, Susie passa a se identificar como Theo, trazendo visibilidade aos problemas vividos pelos jovens transexuais. Achei super valiosa esta inclusão na série, gostaria que mais séries conseguissem esse tipo de representatividade de maneira natural sem forçar a história com clichês.

A segunda temporada da série estreou este mês na Netflix, e a terceira e quarta já foram confirmadas! Até o momento tive poucas decepções e várias surpresas agradáveis acompanhando o desenvolvimento dos personagens e desvendando os mistérios por trás da família Spellman e da Igreja da Noite. Além dos assuntos pesados, a série possui algumas cenas um tanto quanto violentas e/ou nojentas, então é compreensível que não seja do agrado de todos. Não considero a série como do gênero terror, mas é cheia de referências e sustinhos gostosos. Para nós que gostamos de storyline cativante e fantasia, "Chilling Adventures of Sabrina" é um prato cheio que eu altamente recomendo ;)!

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4 comentários

  1. Mas então, é uma série que vale a pena assistir com a galera ou rende mais sozinho? Um beijo, um abraço e um aperto de mão.

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    1. Hmmmmm eu acho divertido assistir acompanhada, pq ai os sustos e as risadas e as surpresas ganham intensidade, e você pode dizer "CÊ VIU ISSO?!?!?!", mas sozinho também é legal :Dd

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  2. Eu fiquei super animada pra ver a primeira temporada e estava amando a história até um pouco mais da metade, mas acho que depois tudo se resolveu de um modo meio corrido e isso me deixou com aquele sentimento de que poderia ter sido melhor haha Mas, de qualquer forma quero ver a segunda temporada, pois os personagens são mesmo cativantes <3 Um beijo
    http://colorindonuvens.com

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    1. Também tive um pouco esta impressão! Mas assista a segunda temporada sim, tem bastante desenvolvimento e vale a pena :)! Muito obrigada pelo seu comentário! :*

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