Bom, não é novidade para ninguém que em abril foi lançado o filme Os Vingadores: Ultimato, que conclui a “Saga do Infinito” do MCU (Marvel Cinematic Universe — Universo Cinematográfico da Marvel), composto por 3 fases e 22 filmes no total. Ao redor do mundo, salas de cinema foram lotadas por fãs apaixonados que disputaram os ingressos com meses de antecedência. Vários conhecidos meus foram para a pré-estreia e ficaram o dia seguinte inteiro batalhando contra o sono (afinal, o filme acabou às 3 horas da manhã!); eu, por outro lado, não estava tão ansiosa.

Lembro de quando assisti ao primeiro filme dos Vingadores, lá em 2012, e mal conhecia os heróis. Sabia quem era o Homem de Ferro, o Thor e olha lá! Lembro inclusive de cochichar para minha amiga assim que o Hawkeye apareceu com o arco e flechas “ah, esse deve ser o arqueiro verde”, que é personagem da DC hahaha! Olha a gafe! Eu confesso que caí meio que de paraquedas naquele filme, mas já nos minutos iniciais fiquei completamente cativada e entrei de cabeça naquele universo fantástico. A partir daí, passei a fazer questão de ir aos lançamentos e aprofundar meu conhecimento sobre o assunto. Em outras palavras, virei fã.

Os anos foram passando, e meu problema começou quando assisti a Homem de Ferro 3 e não me apaixonei pelo filme. Mas pensei “ah, acontece, os terceiros filmes sempre sofrem um pouco” e não pensei mais no assunto até o lançamento de Vingadores: Era de Ultron, que foi quando me senti de fato traída. Estava com expectativas altíssimas (quem não estava, depois do MARAVILHOSO Guardiões da Galáxia?) e elas simplesmente não foram atendidas, o que acabou jogando um belo balde de água fria no meu relacionamento com o MCU. Nunca deixei de gostar ou de assistir aos filmes, mas aquele entusiasmo… a vibração… já não estavam lá.

Com a iminência do lançamento do último filme da Saga, decidi tentar reacender a chama que um dia queimou dentro de mim e assim concluir este ciclo com chave de ouro, da mesma maneira como começou. Meu plano era fazer uma grande maratona de todos os filmes da Marvel para me preparar. E assim, voltei para 2008 e encontrei Tony Stark em uma caverna, e não parei até reencontrá-lo em uma nave alienígena sem rumo.

Essa experiência foi fantástica! Não só reacendeu, sim, a minha chama, como também esclareceu dúvidas, causou insights e evidenciou detalhes importantes que fizeram toda a diferença na minha compreensão! Ao assistir aos filmes em ordem de lançamento sem grandes intervalos de tempo entre um e o outro, as conexões entre eles se tornaram claras e a história ficou ainda mais interessante. Foi uma sensação meio de quando você limpa os óculos depois de muito tempo, e tudo parece estar em HD hahaha! Era a mesma coisa que eu já tinha visto, mas, ao mesmo tempo, estava completamente diferente, melhor. Entendi o porquê de ser um UNIVERSO cinematográfico, e não apenas uma coleção de filmes de super-heróis.

Percebi que as coisas que me incomodaram no passado, hoje já não me incomodam mais. Homem de Ferro 3 não é tão bom quanto os outros, mas não é tããão ruim também; a Era de Ultron tem seus bons momentos; e até Thor Ragnarok, apesar do roteiro confuso, apresenta pontos importantes para a história. Meu grande erro foi ter expectativas demais, mas aprendi a lição, tanto que hoje evito assistir aos trailers e teasers de filmes e mantenho minhas expectativas sob controle. Raramente me decepciono, e por diversas vezes me surpreendo!

(Percebi também que coisas que antes nem passavam pela minha cabeça, como a sexualização da Viúva Negra ou o romance sem sal entre Thor e Jane Foster, passaram a me incomodar. Os tempos são outros, né?)

Como esses filmes foram marcantes em minha vida, meu cérebro entrou em uma onda de nostalgia muito gostosa uma vez que comecei a assisti-los novamente. Normalmente nostalgia me traz bastante angústia, culpa, arrependimento… Mas enquanto eu estava sentada no meu sofá, vendo o Hulk jogar o Loki de um lado pro outro, meu coração era pura alegria. Nunca fui de lembrar 100% do enredo de um filme/livro/série/coisas-que-acontecem-na-minha-vida-em-geral, decorar falas ou músicas; o que eu levo comigo é a sensação daquele momento, e esse é inclusive um dos motivos de eu gostar de escrever. Encontrar as palavras para falar o que eu senti em determinado momento é um pouco difícil, mas quando eu sento e paro para refletir, consigo me expressar melhor por meio da escrita. E aqui, escrevo: que grande alegria esses filmes me fizeram sentir, de novo. :)

Finalmente fui assistir a Os Vingadores: Ultimato, e devo confessar que gostei muito. As três horas na cadeira passaram rápido. Tivemos a conclusão de alguns arcos e a introdução de outros, momentos engraçados e momentos tristes, ação e emoção, uma porrada de referências e conexões com os outros filmes (que, graças a minha maratona recente, ganharam um novo valor). Tem gente que odiou, tem gente que amou. Eu sai do cinema com a sensação de missão cumprida, um calorzinho no peito. Não há tristeza pelo final, apenas agradecimento pela jornada.

Agora é seguir em frente e acompanhar esta nova etapa que se iniciará com Homem-Aranha: Longe de Casa, lembrando de take it easy: afinal, assistimos a filmes como uma forma de entretenimento, logo, o mais importante é se divertir. Até breve, MCU!

A melhor (ou seria a pior?) coisa sobre “O Doutrinador” é o quão verdadeiro ele é. O filme, inspirado no quadrinho homônimo de Luciano Cunha, é a estreia brasileira no gênero 'Heróis', e representa de maneira perturbadoramente fiel a realidade do nosso país: um governo corrupto enriquecendo e vivendo no luxo, enquanto a população pobre definha e morre nas filas dos hospitais públicos. Não espere superpoderes legais, um melhor amigo engraçado ou um romance com a mocinha, como estamos acostumados em filmes de heróis; aqui você encontrará apenas ação e drama através de muita, mas muita pancadaria.  

A história do Doutrinador começou como um webcomic inspirado pelas Manifestações de Junho em 2013, que logo se tornou um grande sucesso e garantiu publicação pela Redbox Editora. Em pouco tempo, a parceria com Paris Filmes e Downtown Filmes foi anunciada e a adaptação cinematográfica foi confirmada. Foram necessárias mudanças na história, pois originalmente o protagonista persegue políticos brasileiros reais, enquanto na versão cinematográfica estes foram substituídos por políticos da fictícia cidade Santa Cruz.

A partir de agora, este post contém spoilers.

No início do longa conhecemos Miguel, um agente federal da "D.A.E." ("Divisão Armada Especial") com treinamento militar e perito em armas, que participa da apreensão do governador Sandro Corrêa, acusado de desviar dinheiro das verbas públicas. Longe do trabalho, ele é um homem normal, divorciado e pai orgulhoso da pequena Alice. Concomitantemente à soltura do governador por habeas corpus, o protagonista passa por uma tragédia pessoal que faz com que ele decida ir em busca de justiça com as próprias mãos: sua filha é atingida por uma bala perdida à caminho de um jogo de futebol, e sangra até morrer por falta de atendimento adequado no hospital.

Tempos depois, ainda extremamente abalado, Miguel se encontra perto de um protesto contra a soltura do político e, em meio à violência, veste uma máscara de gás que encontra no chão e invade o Palácio, onde assassina o governador na POR-RA-DA! E é a partir daí que nasce o Doutrinador, vigilante mascarado que extermina violentamente políticos corruptos. Ele utiliza seus conhecimentos e habilidades como agente federal para ir matando seus alvos e manter a polícia longe de seu rastro, mas se vê precisando lidar com uma possível ameaça à sua nova identidade secreta: a jovem hacker Nina, que estava presente no protesto e tem um vídeo que pode incriminá-lo. Eles entram num acordo e a hacker passa a auxiliá-lo em sua busca por vingança, assumindo o papel de sidekick descolado.

O filme possui um visual sombrio que remete aos quadrinhos e está repleto de cenas de ação impactantes, a inspiração em Batman de Christopher Nolan é evidente. Como foi gravado em São Paulo, foi muito interessante ir reconhecendo alguns lugares enquanto assistia, o que — junto com o contexto socioeconômico e político atual — me proporcionou uma sensação vívida de imersão. A jornada do protagonista não é super inovadora e o roteiro é um pouco raso, mas os pequenos furos não chegam a afetar drasticamente a qualidade do filme, que é um prato cheio para os fãs de ação.

No segundo semestre deste ano será lançada pelo canal Space uma série do Doutrinador, gravada juntamente ao filme, a qual acredito que trará respostas aos ganchos em aberto. Fico muito feliz em ver uma produção nacional dar tão certo, trazendo prestígio não só ao cenário audiovisual brasileiro como também às HQs. Vamos parar de pagar pau pra herói gringo e assistir a esta obra que veio para reinventar o cinema nacional ;)!

Se você assim como eu foi criança nos anos 90, com certeza já deve ter ouvido falar de "Sabrina, Aprendiz de Feiticeira". Quem não amava Salem, o gato falante e extremamente sarcástico? Porém não se engane, o reboot da Netflix lançado em 2018 pode até ter a mesma origem, mas tem bem menos comédia e muito mais...satanismo! "Chilling Adventures of Sabrina" (ou, em português, "O mundo Sombrio de Sabrina") apresenta um lado bem mais adulto e macabro da bruxinha adolescente que tanto fez sucesso no passado.

Sabrina Spellman é uma jovem bruxa mestiça (filha de pai bruxo e mãe humana) que vive com suas tias Hilda e Zelda. Logo no primeiro episódio da série somos introduzidos ao grande dilema da protagonista: em seu aniversário de 16 anos, ela deve assinar seu nome no Livro das Trevas e abandonar o lado humano de sua vida — a escola, os amigos, o namorado. A partir daí, muitas coisas sinistras passam a acontecer enquanto ela aprende o verdadeiro significado de ser uma bruxa.

Indo além da magia e dramas adolescentes, acredito que um dos principais pontos responsáveis pelo sucesso da série é algo que diz respeito ao nosso dia-a-dia: o feminismo. Presente tanto na vida de mortal como na vida de bruxa de Sabrina, o feminismo ganha evidência particularmente em sua religião, o satanismo da Igreja da Noite, que é recheada de ensinamentos e tradições machistas. Na segunda temporada, essa questão ganhou ainda mais destaque com o surgimento da "Sociedade de Judas" liderada pelo Sumo Sacerdote Blackwood, cuja doutrina dita claramente que as bruxas são inferiores e portanto devem servir aos bruxos. A protagonista, sempre a adolescente afrontosa, se recusa a aceitar essas imposições e luta por mudanças em prol dos direitos das bruxas.

Do meu ponto de vista, esta relação entre a bruxaria e o feminismo vai ainda além se considerarmos a verdadeira história da caça às bruxas ocorrida na Europa durante a Idade Média. Na época, mulheres eram acusadas de bruxaria, torturadas e mortas por motivos como conversar em grupo, ser velha, ser financeiramente independente de um homem, ser parteira, entre outros absurdos. Não é por menos que as feministas acolheram as bruxas como um símbolo de seu movimento, pois entende-se que muitas das "bruxas" caçadas durante a Idade Média eram nada mais, nada menos que mulheres que ousavam ir contra as normas patriarcais da sociedade. Se quiser saber mais à respeito, recomendo a leitura deste artigo. Não sei se foi proposital, mas ao trazer de maneira tão transparente questionamentos sobre o empoderamento feminino usando como base justamente a bruxaria, a série acertou em cheio.

Se você achou que o “tabu” se limitaria aos personagens satanistas, espere para ver as coisas com as quais os personagens mortais (reles humanos, como nós) precisam lidar. Além do universo fantástico que naturalmente atrai a atenção do espectador, outro ponto forte da série com certeza é a abordagem de assuntos contemporâneos: temas como o bullying, o preconceito, a violência doméstica, o machismo e até mesmo a religiosidade extrema aparecem tanto de maneira explícita quanto por meio de analogias.

Os personagens secundários não são nem de perto simples peças de apoio à storyline principal que cerca a protagonista; além de trazerem diversidade e representatividade à série, eles são bem desenvolvidos e possuem suas próprias personalidades e problemas envolventes. Destaque para a amiga de infância de Sabrina, Susie Putnam, que sofre desde sempre com bullying por ser muito masculina e claramente tem dificuldade em se aceitar como garota. CUIDADO COM O SPOILER.......... Na segunda temporada, Susie passa a se identificar como Theo, trazendo visibilidade aos problemas vividos pelos jovens transexuais. Achei super valiosa esta inclusão na série, gostaria que mais séries conseguissem esse tipo de representatividade de maneira natural sem forçar a história com clichês.

A segunda temporada da série estreou este mês na Netflix, e a terceira e quarta já foram confirmadas! Até o momento tive poucas decepções e várias surpresas agradáveis acompanhando o desenvolvimento dos personagens e desvendando os mistérios por trás da família Spellman e da Igreja da Noite. Além dos assuntos pesados, a série possui algumas cenas um tanto quanto violentas e/ou nojentas, então é compreensível que não seja do agrado de todos. Não considero a série como do gênero terror, mas é cheia de referências e sustinhos gostosos. Para nós que gostamos de storyline cativante e fantasia, "Chilling Adventures of Sabrina" é um prato cheio que eu altamente recomendo ;)!

Mal posso acreditar que já faz um ano que embarquei sozinha em um avião rumo ao outro lado do mundo. Desde pequena eu sonhava em visitar o Japão e, para ser sincera, não me imaginava realizando este sonho. Parecia algo tão distante, tão impossível. Era tipo aqueles desejos absurdos que temos, de ganhar na megasena ou ter super poderes, sabe? Mas em 30 de Março de 2018 lá estava eu, subindo em um avião que seria o início da realização deste sonho. Dentro de em média 26 horas e uma mudança confusa de fuso horário, já era 1º de Abril e eu estava pisando em solo japonês.

Tomar a decisão de ir sozinha para um país desconhecido e distante foi desafiador, porém mais fácil do que se pode esperar. A intenção inicial era ir com um amigo, mas quando ele não pôde mais continuar com os planos, eu pensei "por que não?" e decidi dar continuidade. Muitas vezes na vida eu deixei de fazer algo por não ter alguém que me acompanhasse, por medo, por timidez... até quando eu iria deixar esse tipo de atitude prejudicar minha vida? Era hora de arriscar!

O planejamento levou alguns meses, pois eu fiz questão de ler todos os blogs e sites, assistir a todos os vídeos e baixar todos os apps a respeito de viagem ao Japão! Hahaha parece exaustivo, mas era delicioso chegar em casa depois do trabalho e ter algo no que focar minha atenção e esforços. Eu tinha um objetivo, e esse objetivo era planejar a viagem da minha vida! Pesquisei muito e fiz um roteiro que atendia todas minhas expectativas (dentro do meu orçamento, claro). Logo já estava comprando passagem, tirando visto e fazendo as malas. Mesmo assim, só fui me dar conta de que aquilo estava realmente acontecendo quando cheguei lá e, apesar do corpo exausto gritando por descanso, só conseguia olhar ao redor com vontade de nunca mais fechar os olhos.

Eu comecei minha viagem por Osaka, no sul. Também fiquei hospedada em Kyoto e Fujikawaguchiko, passei por Himeji e Nara, finalizando minha viagem na capital, Tokyo. Em breve escreverei mais sobre cada uma dessas cidades, pois são coisas demais para contar em apenas um post. No fim deste post, coloquei a primeiríssima foto que tirei no Japão, lá no aeroporto de Kansai (Osaka). Dá para reparar que eu estava há mais de um dia dentro de um avião ou o brilho nos olhos esconde rs?

Aos poucos fui me acostumando ao estilo de vida japonês e me sentindo cada vez mais confortável e menos perdida — figurativa e literalmente falando rs. Tanto os templos pacíficos quanto as luzes vibrantes da cidade me faziam feliz, e para cada lugar que eu olhava, havia algo novo e maravilhoso me esperando. Ao fim dos 22 dias que permaneci em terras nipônicas, parecia que eu pertencia àquele lugar e que nunca mais iria embora. Eu sabia que ia amar o Japão, mas não estava esperando por uma conexão tão forte e pura como aquela.

Esta viagem impactou minha vida em diversos aspectos, é claro. A partir do momento em que decidi superar meus medos e embarcar nesta aventura sozinha, eu comecei a amadurecer e entrei em um processo de autoconhecimento que ainda está em andamento. Eu sou uma pessoa melhor, mais independente e com maior espiritualidade do que antes. Superar tantas barreiras e adversidades e conseguir realizar este sonho "impossível" me mostrou que eu posso, sim, ser feliz. Não é fácil, mas eu consigo. Só preciso focar, respirar fundo e me arriscar.

Talvez você conheça iZombie como uma série da CW que ficou disponível no Netflix durante algum tempo (saudades </3), mas sabia que a série é inspirada em quadrinhos? Porém, além do nome compartilhado e de algumas referências easter egg, a série pouco tem a ver com a história original. Criação de Chris Roberson e arte de Michael Allred, os quadrinhos foram publicados entre 2010 e 2012 pela Vertigo, e no Brasil estão disponíveis em quatro encadernados da Panini Comics. A história se passa na cidade de Eugene, Oregon, e gira ao redor de Gwendolyn Dylan, que não é mais a mesma garota: ela é um zumbi.

Durante o dia Gwen trabalha em um cemitério como coveira, mas de noite ela desenterra os corpos dos recém falecidos para fazer um lanchinho. Não que ela curta comer cérebros, mas se não comer um de vez em quando ela vai ficando cada vez mais debilitada e mais próxima de se tornar um monstrengo irracional saído diretamente de um filme de terror B. Os cérebros que Gwen consome trazem consigo memórias e trejeitos de seus donos originais, que agem como vozes na cabeça dela. A protagonista encara sua situação com um sarcasmo inteligente, o que deixa o quadrinho com uma cara de comédia obscura que eu adoro.

Gwen não lembra muito de sua vida antes de... bem, morrer. As próprias circunstâncias de sua morte e até mesmo quem é sua família são um mistério para ela, e por isso nossa zumbizinha acabou criando laços com outros seres peculiares: Ellie, uma fantasma, e Scott, um terrieromem (como se fosse um lobisomem, mas ao invés de metade homem e metade lobo, é metade terrier). O grupo de amigos leva uma vidinha normal (ou pelo menos tão normal quanto a vida de uma zumbi, uma fantasma e um terrieromem pode ser) até o dia que Gwen come o cérebro de um homem que vem com uma porção extra especial de lembranças do falecido: seu assassinato. Para aquietar a voz do falecido em sua cabeça, Gwen decide ir atrás do assassino, e é ai que nossa história realmente começa a se desenvolver.

Atenção, poderão rolar alguns spoilers a partir de agora ok?

Gwen logo descobre que o assassino é John Amon, que se revela um ser sobrenatural com séculos de vida, originalmente um reles operário dos faraós no antigo Egito. Sim, meio que uma múmia. Amon ensina à Gwen tudo sobre a existência das almas e assim traz certa clareza do motivo de existirem seres como eles. Essa foi uma das partes da história que mais curti, pois a explicação é bem interessante — lá vai:

Tudo que é ser vivo tem duas almas: a sobrealma e a subalma. A sobrealma é alojada no cérebro e contém ideias, memórias, personalidade — aquilo que a ciência moderna chama de "consciência". A subalma é alojada no coração e traz vontadez, medos, emoções — o "inconsciente". Às vezes quando uma pessoa morre, uma dessas almas acaba ficando para trás, com corpo ou sem.

• Uma sobrealma incorpórea retém a personalidade do falecido, e por isso é chamada de fantasma; já uma subalma incorpórea retém apenas vontades e emoções, tornando-se um poltergeist.
• Uma sobrealma corpórea anseia pelas emoções e medos que o sangue retém (subalma), e são chamadas de vampiras. Já uma subalma corpórea é uma criatura acéfala de pura vontade, que anseia pelas memórias e pensamentos alojados no cérebro.
• As almas incorpóreas podem 'infectar' os vivos dando origem à tropos (quando uma pessoa é infectada por uma subalma de um animal e assume suas características) e possessões (quando a pessoa é possuída por uma sobrealma e esta passa a coordenar o corpo).

(Informações retiradas das pág 98 a 101 do volume 1)

Amon explica para nossa protagonista que ela, na verdade, não é um zumbi. Ela faz parte de uma raça de criaturas muito raras, os Revenant: possuem tanto a subalma quanto a sobrealma dentro de um corpo falecido. Como as almas não deveriam permanecer no corpo após a morte, a conexão é tênue e é preciso fazer alguns "sacrifícios" de tempos em tempos para mantê-la: ingerir outras almas. Gwen tem feito isso comendo cérebros de falecidos, mas Amon insiste que esta é uma solução paliativa e que ela precisa comer alguém vivo se quiser manter-se racional.

Em meio a este dilema moral (e mortal) para o qual Gwen precisa encontrar uma solução enquanto ainda há tempo, ela se apaixona por Horatio, que faz parte de uma sociedade de caçadores de monstros conhecida como Coveiros, e precisa lidar com outras maluquices que estão acontecendo em sua cidade. A história vai se desenvolvendo com espaço para richas familiares, triângulos amorosos, grupos ultrassecretos de superespiões do governo, uma passadinha pelo Brasil e muitos outros monstros curiosos, entre eles criaturas como Frankenstein, 'aliens' e até mesmo um diabólico cérebro numa jarra.

Claro que tudo isso só podia ter um resultado catastrófico: o fim do mundo. Sim, na última edição de iZombie os personagens precisam lutar contra um apocalipse eminente e Gwen, que antes pensava ser uma simples desmorta comedora de cerébros, se torna a única esperança da humanidade. Ela precisa salvar o planeta, mas a que custo?

Não vou contar o final, relaxe. Mas fica aqui uma introdução a este quadrinho divertido e descontraído, cheio de monstros encantadores e esquisitices.